quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Um.

ERA A OITAVA VEZ que ele se dirigia ao parque. "Hoje eles vão estar lá" era a palavra de ordem individual. Sua própria palavra de ordem. E ele tinha o seu próprio Jesus, em relação a isso. Era um amigo próximo, que o ajudava e dizia "vá hoje, mas vá com amor, não vá pensando nada de errado". E ele ia. Estava indo há semanas.

Quando chegou na metade do caminho, seu coração acelerou. O estômago gelou. Olhos abertos, como que surpreso por eles estarem lá. Havia se acostumado com a ausência deles, mesmo acordando toda semana e indo ao parque na esperança de encontrá-los. E preparara-se também com o amor no coração. O amor do qual seu amigo falara. Depois de alguns segundos (minutos?) parado, olhando assustado, ele foi.

Ao chegar, olharam-no com desconfiança. Claro. Ele mesmo chegava com desconfiança. Mas depois de algum tempo, foram percebendo que ele queria se aproximar, conhecê-los. Eles estavam prontos para isso, novas pessoas chegando. Preparados para o ingresso de iniciantes. Iniciá-los.

Mas ele adotou automaticamente uma postura de desprezo, orgulho, ironia, abuso e impaciência.

Afastou-se automaticamente, quando tudo que queria era se aproximar deles.

"Meu Amigo, não sou o que pareço. O que pareço é apenas uma vestimenta cuidadosamente tecida, que me protege de tuas perguntas e te protege da minha negligência"
~ Gibran

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