domingo, fevereiro 17, 2008

Ivan e suas dificuldades.

Com uma formação voltada para o controle financeiro - tesoureiro do grêmio, secretário de finanças do Diretório Acadêmico, técnico em captação de recursos -, Ivan virou um profissional das ciências contábeis. Claro, seus pais sempre incentivaram.

- Quando você cuida do dinheiro de outras pessoas, elas sempre te pagam o suficiente pra que você não leve nada pra casa.

Ivan sabia muito sobre o tesouro das pessoas. E tinha, a bem da palavra, o seu próprio. Através de poupanças, descobriu um jeito de manter uma pequena fortuna, para não precisar de mais nada no futuro. Mas precisava. Precisava de muita coisa.

Ivan não tinha o ponto social do cérebro bem-desenvolvido. Nasceu sem essa capacidade. Até conseguira algumas mulheres em sua cama, na juventude. Alguns companheiros de bar, todos do trabalho. Mas conseguira tudo isso através de cálculos. Análises de probabilidade.

Ivan era bom nisso. Uma vez, impediu um atropelamento ao jogar uma sanduiche pra um cachorro. Quando viu que o carro iria bater num garoto de dez anos que saíra pra passear com o animal, reparou que este pertencia a uma raça costumeiramente brincalhona, e arremessou o lanche fazendo com que o cachorro corresse atrás, puxando o garoto para longe do perigo.

E era assim que Ivan conseguia as garotas. E os amigos. Analisava o ambiente, observava suas ações. Planejava e esperava, até o nível alcoólico ideal para tomar uma atitude.

Mas nunca se apaixonou, nem conquistou o coração de ninguém. Ivan nascera, como dito, sem essa propriedade do cérebro. Caso clínico, mesmo. Provavelmente, depois que ele morrer, a ciência descobre uma cura para isso. Mas não antes. Não, Ivan nunca vai se apaixonar nem conquistar o coração de ninguém.

Na realidade, a história se confunde. Já ouvi gente dizendo que Ivan jogara o lanche para que no final, o garoto fosse atropelado. Aos dez anos, sem nunca se apaixonar ou conquistar o coração de ninguém.

http://www.fotolog.com/bizarros/30893497

2 comentários:

  1. Anônimo1:15 AM

    é sempre assim, quando começa a ficar boa, vc vai e a termina.
    como pode deixar seus leitores imaginando o que acontece?
    e o mais legal é que vc fica lindo correndo, eu já te vi...
    vc pode até falar de um personagem o Dimitre, mas escritor real é mais interessante, e é ele quem eu imagino e relembro vc correndo, a anonima sempre ficou lendo, e nunca mais tinha escrito, mas vc consegue superar o dimitre.
    se vc qria ser bom criando o personagem vc conquistou o seu espeço real.
    parabens, finalmente deixaste de ser uma sombra do verdadeiro ------

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  2. há algum tempo eu pensava um tanto diferente de hj.
    um tanto não, um muito!
    concordo com vc. sempre procuro falar daquilo que sei. especialmente o que está cá dentro.
    falar sem crer. viver sem ser.
    essas coisas é que matam.

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