quarta-feira, outubro 30, 2019

Meras memórias

Onde tu estava...

. . . quando eu mais precisei?
Quando a dor transpareceu, humano me tornei?
Quando a flor desabrochou, e o mundo a perdeu?
Quando a cor se distraiu, lavou, esmaeceu?

Onde estava o conhecido torpor...
. . . quando por ti chamei, Carreau?

Carreau, príncipe dos poderes, podre como os príncipes
Lorde entre os caídos
Nobre entre os perdidos
Pobre entre os amigos.

Contigo ao meu lado
Não seria acuado
Não perderia o cuidado...
...só sofreria calado.

Hoje, Carreau, anjo caído, me arrependo de não estar contigo quando tudo ruiu, quando descartei o que deveria manter e mantive o que deveria descartar.

Até aquele momento, Carreau, não havia momento anterior que fosse melhor ao atual. Sempre havia encarado o momento corrente como o mais bem vivido, encarado os anteriores como meras memórias, reles repertório para o futuro - que, evidentemente, viria para superar o presente.

Não mais.

Vivo, agora, pior do que já vivi. Menos do que já vivi. Pena do que já vi.

Agora, Carreau, se tu pudesses me conceder um pedido, faria o seguinte:

Transforma o agora em mera memória para tempos passados.