domingo, dezembro 16, 2007

A Verdadeira História IX + Crise de Identidade II (Acrono)


Outro dia, caminhando com um amigo, contei pra ele a fábula do Lobo e do Coelho. A Buon Anima. Ele ficou confuso, não entendeu o porquê de ser uma fábula. Não tinha moral.

- O máximo que pode ser considerado é que o homem é o mais feroz dos predadores. Mas isso é babaca.

E ele está certo. A moral não está aí. Isso é mesmo babaca. A moral, na realidade, está no coelho. Ora! O coelho ainda não tinha saído completamente da toca quando percebeu o lobo. Por que diabos não voltou pra dentro? Tinha que continuar? Sair de vez, e começar a correr, run for its life?

- A questão é que ele poderia ter voltado. Poderia ter parado, voltado, e pensado em outra coisa. Não precisamos continuar o que começamos! Qual o problema de desistir, de largar as coisas pela metade? Começar algo com entusiasmo, mas depois, simplesmente, perder o fôlego?

- Pior que perder o fôlego quando se foge de um lobo, né? Perder o fôlego antes de continuar e chegar a algo difícil de sair. Um caminho sem-volta.

E era exatamente isso. E foi isso. Exatamente então, meu amigo parou, olhou o relógio, olhou para o céu, pras nuvens, e disse "vamos sentar aqui. Tomar umas cervejas". Engraçado; quando sentamos, percebi que era o bar onde levei os socos. Onde enterrei um copo de vidro num ombro de um bandido. Onde conheci o seu amigo, o cara que iria atirar em mim na minha própria casa. Que iria afastá-la de mim. Ela.

Enfim. Ele pediu uma cerveja e dois copos, mas eu interferi. Quero um vinho, disse. O homem ofereceu dois vinhos vagabundos, e um até melhorzinho, mas... Bem. Caça com gato, não? Meu amigo insistiu na cerveja, sua úlcera não lhe permitia excessos. Fermento demais. Acontece que eu também tinha úlcera.

Enquanto o vinho preenchia o meu copo, e a cerveja dele chegava, a garrafa cinza de tão gelada e eu quase me arrependendo de pedir o vinho, ele começou a falar:

- Então. Eu conheci essa guria. Ela tem uns cabelos lindos. Laranjas. E um ar meio triste...

2 comentários:

  1. Não se desiste por muitos motivos... Cada caso é um caso. Orgulho, perseverança, impulso, auto-afirmação,fé ou simplesmente pra saber onde vai dar.

    A luta muitas vezes é válida, mas não todas.

    E eu fico aqui divagando...

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  2. Desistir não é algo do outro mundo.
    Nem define o caráter de ninguém.

    Dimmi faz um bem...

    Abraço.

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