terça-feira, junho 19, 2007

A Verdadeira História III

Capítulo III
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- Você trabalha na Softwild, né?
- Gag... Gash... Sim!
- Você tá passando bem?
- Gag... Gash... Sim! Tab... Csh... Tudo bom?

||||| |Valei-me. O que era aquilo? Eu falava, pré-ouvia tudo na minha cabeça com a mais pura clareza, mas quando as palavras saíam de minha boca, eu parecia estar gaguejando! Seria obra do meu distúrbio? As ondas, as curvas coloridas formando desenhos matemáticos no lugar do céu? As cores, que mesmo de um tecido de algodão preto, pareciam saltar aos meus olhos como luzes hiper-cromáticas? As bocas e narizes e olhos que eu via nas pessoas, e não mais os simples traços formando uma cruz, ou o sinal de "Mais" (um)? Só mais um... O som! Novamente, acrílico, cristálico e bucólico, porém gostoso de uma maneira carálhica? Sua voz? Não.

||||| |Não era isso. Apesar de todas essas transformações acontecendo ao meu redor, era timidez. Nervosismo. * Garot* da minha vida ali, em minha frente, com a mão na cadeira, como se quisesse que eu * convidasse a sentar-se, e eu falando Gags e Gashes. Eu pensava não estar nervos*. E não estava. Exceto quando el* dirigiu-se a mim. Mas o mundo realmente havia mudado. Até o meu distúrbio sofreu uma alteração, aquilo, que era tão concreto, tão estável. Estável? Em sua instabilidade, sim. Nada atingia, pelo menos. E agora havia flores crescendo nos paralelepípedos da rua. Uma grama verde (limão, quase fosforecente) ascendendo da calçada. Os fractais, outrora hiper-coloridos, adquiriam tonalidades de vermelho e rosa, indicando o quê, JC? Amor?

||||| |Então parei de dar atenção a el*, àquele ser angelical e platônico. E vi que era emocional. Meu distúrbio era emocional. Os clarões, os raios, tudo. Mas... qual era o gatilho? Simplesmente parei de pensar, fitei o copo de cerveja, as (8) garrafas ao fundo, e me concentrei. Não sei por quantos minutos (22 segundos) me concentrei, mas algo incrível aconteceu: Continuei vendo as estranhezas ao meu redor. Prova de que eu tava errado. Aliás, tava certo. É emocional, nada a ver com concentração, ou Foccus. Então o que poderia eu fazer? Experiência ZERO em emoções. A emoção pra mim é como aquel* garot* lind*, gostos*, simpátic*, carinhos*, legal e inteligente demais que eu nunca consegui me aproximar. A não ser quando el* se aproximava de mim.

||||| |Já sei. Tenho um exemplar aqui na minha frente! Quando tirei os olhos da cerveja, vi que el*, meu amor, estava indo embora.

- Ei, pô! Volta.
- Hrnmm? Sei lá, achei que...
- Não, não. Relaxa. Eu trabalho sim, na SoftWild, mas não te conheço.
- Ah - disse, virando-se e colocando a mão na cadeira -, eu já te vi algumas...
- Senta aí.
- Possobrigad*. Eu já te vi umas vezes; sabe Renat*? Sou amig* del*.
- Ah, sim, sim! Tudo bom?
- Tudo, mas... você tá bem?

||||| |Mas nada mudava. Passei uma ótima noite, com uma pessoa simpaticíssima, e nada mudou. E sabe o quê? Eu adorei. Terminei nem pensando tanto no problema, e dei mais atenção à forma que os olhos, bochechas e boca del* adquiriam quando eu falava algo engraçado, ou doce. É, também estranhei. Eu, falando algo doce. Há!

||||| |De manhã (meio-dia) acordei. Fora uma noite estranha. Eu estava bêbado. Mas os acessos tinham sumido. Eu não estava mais em crise. A ressaca tava fortíssima, e eu me lembrei: "Renat*!" Renat* fora uma pessoa que se apresentara a mim no trabalho. E eu lembro, tinha alguém com el*. Mas não prestei muita atenção. Tava mais interessado na combinação dos algorítmos que eu teria que reescrever depois do intervalo. Rá, mas existia a internet, claro. Grande ferramenta. Interação e blas blas blas. Terminei por sentar na frente do computador e procurar. Eu não lembrava do nome, mas vai que pela foto?

||||| |Qual não foi minha surpresa quando loguei? Ela estava lá. Achei! Fácil, fácil. É! "Ela" era uma mulher. Uma menina, sei lá. E eu me entusiasmei. Gostei do que vi. Mas não daria pra falar com ela naquela hora. Passei o resto do dia pensando. Tranqüilo em relação à garota, me concentrei mais no distúrbio. Ontem à noite, apesar de bêbado, não estava estranhando tanto as diferenças na imagem. Amei o cheiro das flores enquanto conversava com ela. Amei as cores do céu (até que momento era noite, e quando começou o dia?) e os sons do mundo, do meu mundo, do mundo mágico que me deram. Assim, de presente. Foi bom. A companhia era perfeita... Queria ter compartilhado com ela, o que estava vendo ouvindo e sentindo. Mas não, calma. Segunda eu falo pra ela, no trabalho.

||||| |Não saí à noite. No domingo, quando acordo, acontece algo pela primeira vez: Já acordei vendo os fractais... E dessa vez, os clarões e os raios estavam inseridos no "durante"! Junto com os fractais, e não apenas como "Abertura" e "Encerramento". Dessa vez... Dessa vez era mais forte. Almocei e fui pra um bar. Ela não estava lá. Apenas dois homens sentados numa mesa, sem conversar e outra mesa armada com apenas uma cadeira... a minha. Sentei e pedi uma cerveja. E estava começando a apreciar o distúrbio (embora por mais que eu gostasse, nunca iria chamar de outra coisa; não saberia como). E quando vi um homem sobre um monociclo, com o rosto todo maquiado de palhaço, cores vibrantes, ululantes, essas cores cuspindo fogo no meu rosto, um fogo que apenas aquecia, não queimava, fiquei ainda mais entusiasmado. E acho que sorri. O mais estranho? Os dois homens perceberam que eu sorri.

||||| |Um deles se levantou, enquanto o outro sacou a arma e apontou pra mim por baixo da mesa. Esse é o problema de morar numa cidade como a que eu moro. Violência? Não, não. O calor. O calor faz as pessoas agirem assim. O calor e a má administração social.

- Tá rindo de que, bróder?
- V...você vê meu sorriso? - Pra quê fui constatar isso? Só me fez sorrir mais. E com isso, irritá-lo mais.
- Vai parar, mermão?
- Me diz como! Me diz como você fez pra ver! - Queria que ele me dissesse... E assim eu faria a garota heavenmetal participar de mim. Do meu mundo!

||||| |Só que ele levantou a mão. E justamente aí, os clarões cresceram e ficaram mais freqüentes, os raios começaram a passar mais e mais rápido, e de repente, com um cheiro de queimado, voltei a ver o mundo normal. Justamente pra levar o primeiro murro. O primeiro de muitos. Perdi as contas no quinto. Mais um pouco, e eu me levantei, e bati nele com algo que não sabia que tava em minha mão: o copo. Americano, daqueles de bar. Justamente no ombro, onde se estilhaçou e os pedaços entraram. O amigo, que estava armado, se levantou, mas pra minha surpresa, pediu-me desculpas, puxou o amigo, e entrou no carro.

||||| |Eu poderia ter morrido. O dono do bar me chamou e me aconselhou a prestar queixa, ele testemunharia a meu favor, mas... Não, não. Minha vida vai muito além daquilo, hoje. Eu não morreria ali.

||||| |Fui pra casa. Passei o resto do domingo bêbado, cansado, com dores no rosto (os murros, os murros), e nada do distúrbio aparecer novamente. Pena. O efeito foi contrário, a maldição tornara-se bênção, e será que ao mesmo tempo, escasseava?

||||| |De manhã, segui a rotina. Acordei cedo, tomei um café com um cigarro, enquanto escutava música e surfava um pouco na web. Ao fim, tomei banho e me dirigi ao trabalho. Nada dos clarões, nada de raios. Raios! Ao chegar no trabalho, fiquei atento. Renat* podia aparecer, e sua amiga também. Vi Renat*, mas sozinh*. E como costumo adiar tudo, não perguntei da amiga. "Vou esperar a oportunidade certa, quando aparecerem junt*s", pensei. Não a vi pela manhã, no intervalo do almoço...Nada. Na saída, às 17h, desci correndo. Queria ir a um bar. Passar novamente pela adrenalina de talvez alguém reconhecer meu sorriso. Mesmo que pra isso eu ainda precisasse "entrar" naquele mundo, eu precisava saber como se entra nele. Mas antes mesmo de sair do prédio, Renat*. Renat* e aquela forma difusa, aquele anjo, pequeno, atraente. Era ela. Frio na barriga, nó na garganta, chamam de angústia. E lá estava ela. Quando parei em frente a el*s, Renat* falou comigo, e logo em seguida, ela.

- Oi, garot*. Chegou bem em casa?
- Hehê, cheguei sim. Acordei de meio-dia, mas, a ressaca não tava tão forte.
- Você parecia meio bêbado. - O que era aquilo, aquela distância? Por que tão fria?
- Não, não era bebida... Era... Não sei explicar, era...
- Hmmm, sei... Então! A gente tá indo nessa. Até amanhã! Beijos.
- Até...


||||| |E percebi que ela, como tudo, só era perfeita no meu mundo.

||||| |E é um mundo que eu não mereço.


7 comentários:

  1. Quem não merece é quem não consegue te enxergar bem.
    Pq é lindo.

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  2. Anônimo2:58 PM

    Você é um dos Delinquentes ?

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  3. rapaz, delinquente eu sou. mas não sou um dos Delinquentes não, não os com D maiúsculo.

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  4. Anônimo5:29 PM

    só.. massa
    Soh num entendi por que não expoe posição sexual nos seus textos ..
    Gósto de ler as suas coisas e por isso toh te perguntando.
    Falow !

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  5. Anônimo9:58 PM

    pestinha.
    mto melhor q novela =D

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  6. é interessante a maneira como você se expressa

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  7. like a broken glass

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