sábado, maio 10, 2008

O Escaravelho

Estava sentado, com uma blusa de veludo vinho e uma calça verde, meio brilhante, mas não era de vinil. Era só um jeans, normal. Ele fumava muito, e eu me perguntava o motivo. Não podia ser só charme, até por que ele terminava tossindo bastante, fazia mal. Por que fumar, então?

Geralmente ele vive rodeado por pessoas, bebendo, mas não naquela noite. Ele estava sozinho, sentado e tomando um refrigerante. Acho que tinha acabado de chegar, e eu tive essa sorte. Ele havia colocado um jazz na jukebox, Chummy Macgregor, e só batia levemente o pé no chão.

Sua mesa ficava à frente do balcão, e foi pra lá que me dirigi, após pedir licença às amigas. Peguei uma cerveja e sutilmente comecei a dançar; era mais um balanço. Mexia-me suavemente de acordo com a música, de costas pra ele. Infelizmente, seu telefone tocou na hora e ele não notou a performance.

Ele atendera com uma expressão desconfiada, mas logo identificou a pessoa que ligara, e sorriu desajeitado. Quem diabos seria? Uma mulher com quem saía? Pior, uma que iria encontrá-lo no bar? Desligou, deu um último gole no refrigerante e gritou pedindo uma cerveja. Aliás, tentou gritar, mas sua voz rouca não o permitiu ser ouvido pelo garçom.

Aproveitei e fui eu mesma levar a cerveja em sua mesa, arriscando tudo...

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