sábado, novembro 03, 2007

The Bad Trip

_____- Manda ele sair daí, manda ele sair daí, manda ele sair sair, manda ele...daí.

Eu não conseguia me livrar daquela sensação, de saber que as coisas não estão certas, não estão oquei. Engraçado é que eu via tudo certinho, tudo igual, tudo como era antes de... As coisas tavam oquei. Mas não tavam. Era uma distância diferente, as distâncias eram iguais, mas estavam looking different. Sempre ouvira falar, sempre tinha ouvido falar, tinha ouvidos. As coisas tavam bem diferentes.

Começou às 12 da tarde. Não...se eram 12 tava tarde. Não, tava de noite. Metade desta. Simplesmente o barulho que se repetia, o estado, aliás, o estatuto. Não, não. Deixa eu recomeçar. De meia-noite, o barulho começou. E se repetia. Comecei a analisá-lo - não tinha nada melhor pra fazer, tava deitado na minha cama fumando. Comecei a analisá-lo, e percebi várias coisinhas nesse meanwhile:

* O barulho não se repetia exatamente. Aliás, se repetia, mas havia uma distância cada vez menor entre um e outro. Começou barulho, espaço ----------------- barulho. Depois barulho, espaço ---------------- barulho. E por aí foi indo, foi findo. Findou no Barulho. Só este, direto, sem interrupções.

* Ao fundo, tinha um espaço sem barulho. Aliás, ao fundo do barulho, tinha um espaço com uma microfonia. Ou era uma interferência. Sei que era agudo e triste. Imaginei pegar um papel, amassá-lo, e gravar somente 10 milésimos de segundo do barulho do amasso. Era isso, que eu ouvia. Era isso que eu ouvia.

* O barulho era legal de se ouvir, era oquei. As coisas estavam oquei.


De repente, uma serpente, uma serpente que rodeava meu quarto. Não era bem uma serpente, era meio que um lagarto, sem pernas, sem braços, sem olhos nem escamas. Mas não parecia nem de longe uma minhoca, um verme grande. Era até pequeno. Pequena. Mas eu sabia ser uma serpente. Eu não tive medo. Nem ela. Ou ele, nunca soube ao certo, o sexo.

Eu disse, ela não tinha olhos nem escamas, mas não mencionei a boca. A boca era bonita, lembrava a de um homem forte, tinha até uma cicatriz no lábio superior. E aí ela veio em minha direção: com a cauda, enrolou-se em meu pescoço. Com a boca, começou a me chupar, me fez entrar em êxtase assim que encostou os lábios em meu pau. Doía, mas era bom. Doía por que apesar de ter a boca de um homem, tinha as presas de uma cobra. Mas não chegou a ferir. Só doeu. De repente, fui chegando perto de um orgasmo, perto de gozar, e ao mesmo tempo, ela apertava mais o meu pescoço. Fui vendo tudo escuro, quase sem discernir os objetos. E aí toquei em seus cabelos. Ela não tinha cabelos quando começou, mas depois percebi: Negros como a noite, a metade da noite, e compridos. E a boca não era mais a de um homem, mas de uma mulher, magnífica.

Quando acordei, mais ou menos de dia, de meio dia, ao meio-dia, não existia mais nada ali. Só o cheiro do sexo. Minhas roupas estavam devidamente colocadas, a calça fechada como se nunca tivesse sido aberta. Não cheguei a gozar, mas foi um dos momentos mais gostosos de minha vida.

Só então acordei de verdade. Sangue no quarto, dinheiro espalhado, a maior parte rasgada no meio. De onde vinha o sangue? Após uma minuciosa análise, percebi que saía do buraco em meu peito.

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