quinta-feira, novembro 22, 2007

Since when.

Jules Cherét, "avô" do CMYK, lindas tipografias. Lindas iluminações. Principalmente em se tratando de Litografia. Destaque para "Théâtrophone"

segunda-feira, novembro 19, 2007

Roda moinho, roda pião.

Acordar, lavar o rosto. Passar vários minutos olhando, imóvel, o reflexo no espelho. Uma expressão de asco. De repulsa. Lavar o rosto novamente, escovar os dentes e pentear o cabelo. Sair, fumar um cigarro e tomar um café. Eu tava tentando parar, diminuir, maneirar nisso...Isso de tomar tanto café. Queria era largar o café. Mas precisava dele para acordar, sair desse transe, o transe de encarar o espelho, o reflexo no espelho como se fosse partir para uma briga. O café ajudava nisso. O cigarro também.

Então sentar, ligar o computador. Checar e-mails, olhar notícias matinais. Voltar, tomar banho, e pensar:

- As coisas podiam mudar. O mundo podia ser feliz, pessoas iguais, e felizes. Tudo o contrário do que é hoje em dia.


Mas aí sair do banho, e curioso: Olhar pra janela. Perceber, então, que as coisas eram assim! Eram felizes, as pessoas eram iguais. E felizes.

E estava tudo mudado. Parecia que realmente, desta vez, as coisas iriam rodar pelos eixos corretos. Parecia que o mundo ia ser feliz, afinal. Foi quando acordei, e falei comigo mesmo: putz, que sonho. Que sonho bom.

Mas aí fui até o banheiro, e me olhei no espelho. E percebi que não era só sonho, que iria se realizar:

As cerdas da escova estavam caindo em meu cabelo, e não o contrário.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Beautiful friend.

...E tudo isso vai continuar assim, vai ser doloroso, depois bom. Depois fica ruim, depois bom. Sabe quando alguma coisa boa acontece, mas você simplesmente não entende o que tem de errado? Você se pega perguntando o porquê de estar tudo bem, e ainda assim sentir falta de algo. Aí não consegue entender o que é que falta, o que é que está errado.

Talvez seja apenas, sei lá, saber o que dizer, na hora certa, aquela hora. Responder da maneira certa, mesmo que não tenha havido pergunta. Pois tem horas que a mais concreta das afirmações requer uma resposta. E geralmente, a resposta é oposta. Você sabe disso, você tem o estalo na hora, no momento de dizer, mas se cala. Se cala perante aquilo que vai decidir seus próximos dias (próximos no sentido de seguintes, e não de "em breve"). E se calar parece uma solução tão agradável nos primeiros momentos. Aqueles que duram menos de um segundo, sabe?

Pois nos próximos momentos (no sentido de "em breve" agora), você pensa:

"É. Não era o silêncio que representava um lugarzinho calmo e quentinho. Era a resposta".

A resposta e toda a conseqüência que ela traria.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Literalmente nuvens.

E sou nada mais que um pacote de queijo comprado às pressas, um pacote de queijo. Nada mais que um maço de cigarro amassado, coberto com a água da chuva do dia em que a gente dançou. Na chuva. Nada mais, repito, que um maço de cigarro amassado. O último maço de cigarro daquela madrugada.

Eu sou apenas um pedaço da tua mente, o pedaço mais escanteado, excluído, decididamente segregado: aquele que você não fez questão alguma de apresentar aos pais, mas que precisa que eu apresente aos meus. Aquele que pega na tua mão escondido, apenas segurando no último dos dedos. Mas é um dedo, e da mão!

Eu sou a sensação de satisfeito que tu tens depois de comer um pacote de biscoitos sortidos. Um pacote de Club Social. Aquela sensação de "comido" que tu tens quando deita na grama e fica apenas sentindo o vento, o vento balançar teus cabelos. Eu sou o vento que balança teus cabelos.

Quem sou eu? Assim como a flor que timidamente desabrocha no vasinho da varanda, eu sou aquela que te faz acordar todo dia, e agradecer às nuvens por elas só existirem de verdade.

Eu sou tua.

sábado, novembro 03, 2007

The Bad Trip

_____- Manda ele sair daí, manda ele sair daí, manda ele sair sair, manda ele...daí.

Eu não conseguia me livrar daquela sensação, de saber que as coisas não estão certas, não estão oquei. Engraçado é que eu via tudo certinho, tudo igual, tudo como era antes de... As coisas tavam oquei. Mas não tavam. Era uma distância diferente, as distâncias eram iguais, mas estavam looking different. Sempre ouvira falar, sempre tinha ouvido falar, tinha ouvidos. As coisas tavam bem diferentes.

Começou às 12 da tarde. Não...se eram 12 tava tarde. Não, tava de noite. Metade desta. Simplesmente o barulho que se repetia, o estado, aliás, o estatuto. Não, não. Deixa eu recomeçar. De meia-noite, o barulho começou. E se repetia. Comecei a analisá-lo - não tinha nada melhor pra fazer, tava deitado na minha cama fumando. Comecei a analisá-lo, e percebi várias coisinhas nesse meanwhile:

* O barulho não se repetia exatamente. Aliás, se repetia, mas havia uma distância cada vez menor entre um e outro. Começou barulho, espaço ----------------- barulho. Depois barulho, espaço ---------------- barulho. E por aí foi indo, foi findo. Findou no Barulho. Só este, direto, sem interrupções.

* Ao fundo, tinha um espaço sem barulho. Aliás, ao fundo do barulho, tinha um espaço com uma microfonia. Ou era uma interferência. Sei que era agudo e triste. Imaginei pegar um papel, amassá-lo, e gravar somente 10 milésimos de segundo do barulho do amasso. Era isso, que eu ouvia. Era isso que eu ouvia.

* O barulho era legal de se ouvir, era oquei. As coisas estavam oquei.


De repente, uma serpente, uma serpente que rodeava meu quarto. Não era bem uma serpente, era meio que um lagarto, sem pernas, sem braços, sem olhos nem escamas. Mas não parecia nem de longe uma minhoca, um verme grande. Era até pequeno. Pequena. Mas eu sabia ser uma serpente. Eu não tive medo. Nem ela. Ou ele, nunca soube ao certo, o sexo.

Eu disse, ela não tinha olhos nem escamas, mas não mencionei a boca. A boca era bonita, lembrava a de um homem forte, tinha até uma cicatriz no lábio superior. E aí ela veio em minha direção: com a cauda, enrolou-se em meu pescoço. Com a boca, começou a me chupar, me fez entrar em êxtase assim que encostou os lábios em meu pau. Doía, mas era bom. Doía por que apesar de ter a boca de um homem, tinha as presas de uma cobra. Mas não chegou a ferir. Só doeu. De repente, fui chegando perto de um orgasmo, perto de gozar, e ao mesmo tempo, ela apertava mais o meu pescoço. Fui vendo tudo escuro, quase sem discernir os objetos. E aí toquei em seus cabelos. Ela não tinha cabelos quando começou, mas depois percebi: Negros como a noite, a metade da noite, e compridos. E a boca não era mais a de um homem, mas de uma mulher, magnífica.

Quando acordei, mais ou menos de dia, de meio dia, ao meio-dia, não existia mais nada ali. Só o cheiro do sexo. Minhas roupas estavam devidamente colocadas, a calça fechada como se nunca tivesse sido aberta. Não cheguei a gozar, mas foi um dos momentos mais gostosos de minha vida.

Só então acordei de verdade. Sangue no quarto, dinheiro espalhado, a maior parte rasgada no meio. De onde vinha o sangue? Após uma minuciosa análise, percebi que saía do buraco em meu peito.