segunda-feira, março 03, 2008

Cinco.

- ...Não é mais algo que a gente possa fazer. Já é a quarta vez que acontece, e eu sempre me dou mal e você sai ileso.
- Como assim ileso?!
- É, isso mesmo! Toda vez é isso: a gente vai, faz, e depois eu descubro alguma sacanagem tua. Algum vacilo teu. E fico puto, vou embora como o babaca da história, e tu sai ileso.
- Mas como assim, ileso, po?!
- Ileso, ora! Não acontece nada contigo, ninguém te acha babaca, ninguém te condena! É sempre...
- Não, eu não saio ileso. Calabocaporra. 'Xeu falar: Enquanto você vai lá, mudando sua vida, passando por cima de tudo, dando a volta por cima... Enquanto você pensa que "mais uma vez" eu te enganei...Enquanto você cogita a possibilidade de não mais olhar na minha cara. Eu não saio ileso.

Eu fico aqui, com medo da possibilidade de tu nunca mais olhar na minha cara. Devastado por saber que mais uma vez eu cometi um erro, e por ser tão idiota e desastrado, tu tá aí pensando que eu sou um filho da puta que te sacaneia. Destruído por saber que tu tá reconstruindo tua vida por saber que eu sou um destruidor.

É melhor você fazer isso. Sair, me deixar a sós com esse sentimento, e construir uma vida boa longe de mim, sem fazer mais isso.

Mas não pense que pra mim vai ser uma tarde no paraíso se isso acontecer.

"Quando é dia contigo, meu Amigo, é noite comigo. Contudo, mesmo assim falo do meio-dia que dança sobre os montes e da sombra de púrpura que se insinua através do vale: porque não podes ouvir as canções de minhas trevas nem ver minhas asas batendo contra as estrelas – e eu prefiro que não ouças nem vejas. Gostaria de ficar a sós com a noite."
~ Gibran

2 comentários: