Pelo visto não foi suficiente baixar a cabeça. Se enterrar na areia. Por mais que a gente tente, é comum se entregar. Se entregar.
A gente aprende a não demonstrar fragilidade. No deserto, aprendemos a não entregar nossa posição. Especialmente se
uma
coluna
de
poeira
sobe
ao sul.
E aí a gente fica sem saber se existe, se vai doer. Não, a gente aprende apenas a sobreviver. Não a viver através das colunas de poeira que vem do sul.
Mas elas sempre chegam. Trazendo dor. Trazendo necessidades. Urgências. Fisiologia, né?
E aí somos pegos com as calças curtas. Somos descobertos com a cabeça na areia, mas todo o resto à vista. Pois jamais aprendemos a nos esconder de verdade. Só nos iludimos sobre como nos esconder sob a verdade.
De certa feita, já neste deserto, houve um diálogo:
- Sou sozinha.
- Também sou.
- Me basto assim.
- E eu a mim.
- Mas descobri...
- Acho que também...
- Que talvez me soe bem me proteger...
- ...junto de alguém? Concordo.
Mais uma vez, dois iludidos. Dois se escondendo sob a dor um do outro. E somente quando um reconhecer sua dor poderá entender - e ajudar com - a do outro. Até lá, um servirá apenas para entregar sua posição.
Para aqueles que vem na coluna de poeira vinda do sul. Que só querem o mal.
Foi quando ela, triste, desesperada, descobriu que ao se entregar a algo que nem existia - nem era real - apenas entregou sua posição.
E a coluna de poeira chegou.
Do sul.
E nada de bom aconteceu desde então.
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