Esse sonho começa diferente. Até tentei acordar algumas vezes - obtendo sucesso em metade delas, mas em todas voltei ao mesmo ponto, até que desisti e me deixei levar.
A porta era vermelha, e eu quis pintá-la de preto. Não apenas para refletir a escuridão dentro de mim; mas para contrastar com as cores ao redor. Muita vida também incomoda, não é? Não? Bom, a mim sim, e sempre achei que era um sentimento comum.
Apesar do desgosto, abro a porta. Entro, e encontro você lá. Sentad* em uma poltrona aparentemente confortável - embora você não estivesse. Não parecia nada à vontade. Mas esperou, pacientemente, enquanto eu fechava a porta atras de mim e pendurava meu chapéu, casaco e cachecol no cabideiro à esquerda do corredor.
Ser paciente, como vim a descobrir, era o mínimo que você poderia fazer. Claro que no momento eu não sabia disso; achei que era coisa de personalidade. E te admirei mais por isso.
- Um contra um - você disse. Eu lembrei do jogo, e me entusiasmei.
- Pode começar.
- O que você está pensando desta parceria no crime?
Foi ríspido. Direto demais. Não que eu desgoste de objetividade; logo no início te falei que odiava jogos psicológicos. Mas você gosta, e sempre deixou isso bem claro. Por isso me pegou de guarda baixa.
- Até o momento tudo deu certo. Nossas habilidades são complementares. Confio em você e todas as nossas expectativas são cumpridas e controladas. Por que?
- É a sua vez. Essa é sua pergunta?
- Sim. Vou fazer uma dupla: por que você perguntou isso? O que VOCÊ está pensando?
A porta foi se pintando, gradativamente, de preto.
E eu devia ter adivinhado que o golpe viria.
Discordo
De
Tudo
Pra
Mim
O
Que
Começou como um sonho
Tornou-se
Um
Fardo
Não
Quero
Mais
Manter
Não quero mais te ter.
Como parceir*.