Mas o que ele poderia fazer? Ela estava lá, sentada, olhando para o chão com uma triste expressão que parecia dizer: "Estou sofrendo tanto quanto você". Mas ela sabia que não estava, e ele também. Ela só não queria mais.
Ele não conseguiu nem parar e raciocinar; descobrir o que poderia fazer pra que ela mudasse de ideia. Pra ele, parecia absurdamente plausível que tudo merece mais uma chance. "Vamos tentar mais, talvez agora funcione". Mas não conseguia parar e raciocinar.
Ele parava, respirava fundo, fazia uma cara de reflexivo. "Vamos conversar, descobrir onde foi...", mas nada adiantava. Ela interrompia quaisquer de suas frases, meneando a cabeça e dizendo "não, não dá mais". Ele parou de insistir quando ela tornou-se estúpida.
Levantou-se, pediu um último beijo - que foi negado - e um último abraço - que recebeu. Olhou para a porta, e começou a caminhar em sua direção. Parou, tateou o bolso direito; nada. No esquerdo, encontrou os cigarros e o isqueiro. Acendeu um, tragou de modo a ressonar no ambiente. Ela até se assustou com o barulho.
"Sabe" disse, com as lágrimas nos olhos. "Não imaginei que fosse acabar assim. Mas acho que nunca é como imaginamos, não é? Quer dizer... O tanto que te perdoei; e hoje eu não mereço esse perdão". Ela não levantou os olhos. O chão parecia mais interessante.
Ao sair do prédio, pensou consigo mesmo:
"Coitada. Eu sei como é horrível dar esse tipo de notícia".
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e ele cumpre prazos...
ResponderExcluir"Coitada. Eu sei como é horrível dar esse tipo de notícia"
In-versão
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