quinta-feira, junho 22, 2017

A busca continua

Mais alguns anos se passaram. Estou em outro lugar, outra cidade, vivendo uma vida que, embora jamais esperasse que iria viver, desejei em um momento ou outro.

Na verdade, minha vida atual é bem parecida com aquelas sobre as quais costumávamos fantasiar. Lembra? Trabalhando com aquilo que gostamos. Usando roupas caras, computadores de alta performance. Com um relacionamento sério, contas a pagar, responsabilidades a se cumprir. Figuras de respeito.

Mas ninguém nos falou, àquela época, que ao chegar aqui iríamos querer voltar. Iríamos querer recuperar grande parte do que nos alegrava, nos saciava. Nunca fomos alertados de que, mais de dez anos depois, iríamos sentir falta das experiências e pessoas de outrora, tão abundantes então e tão escassas hoje - que temos o que sonhávamos.

Algumas noites atrás me peguei naquela mesma busca. Ao me perceber olhando para um copo de whisky, Pink Floyd rolando na TV que, multifuncional, mostrava as horas - 2:30 da manhã - usei o celular para procurar mais pistas sobre o Dimitri. Parece que desisto com facilidade, sempre para voltar um ou dois anos depois com mais gana. Dez anos se passaram, muito mudou; se antes eu sentava em uma escrivaninha, diante de um computador ligado à rede mundial através de um cabo, hoje posso me dedicar de qualquer lugar, a qualquer hora, com as respostas na palma da minha mão. E mesmo assim faço longas pausas - cada vez mais longas, receio.

O curioso é que mesmo aqui, longe daquela cidade em que o conheci - em que tudo aconteceu - encontro essas pistas. Paredes pintadas com os fractais, cores e flores. Bares de rua iguais aos que ele frequentava. E uma menina com cabelos laranjas. A pista mais próxima que já tive do paradeiro de Dimitri, ou de seu alter-ego.

Na verdade, começo a me perguntar quem seria o real protagonista desta história: ele? Eu?

Ou ela?

2 comentários:

  1. Estava eu, falando que tinha apenas dois blogs que eu ainda visitava, naquela esperança de encontrar algo tão bom, mas que tinham sido esquecidos pelos seus protagonistas. Em uma busca por uma construção, eis que GAZETA DA MELANCOLIA volta , nos dando uma volta ao melhor da vida.
    Frase de hoje : flutuação no tempo.

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  2. Dimitri6:17 PM

    Não consigo publicar na frequência que eu gostaria, mas melhor do que não ter :)

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