terça-feira, junho 27, 2017

Paint it, black.

Esse sonho começa diferente. Até tentei acordar algumas vezes - obtendo sucesso em metade delas, mas em todas voltei ao mesmo ponto, até que desisti e me deixei levar.

A porta era vermelha, e eu quis pintá-la de preto. Não apenas para refletir a escuridão dentro de mim; mas para contrastar com as cores ao redor. Muita vida também incomoda, não é? Não? Bom, a mim sim, e sempre achei que era um sentimento comum.

Apesar do desgosto, abro a porta. Entro, e encontro você lá. Sentad* em uma poltrona aparentemente confortável - embora você não estivesse. Não parecia nada à vontade. Mas esperou, pacientemente, enquanto eu fechava a porta atras de mim e pendurava meu chapéu, casaco e cachecol no cabideiro à esquerda do corredor.

Ser paciente, como vim a descobrir, era o mínimo que você poderia fazer. Claro que no momento eu não sabia disso; achei que era coisa de personalidade. E te admirei mais por isso.

- Um contra um - você disse. Eu lembrei do jogo, e me entusiasmei.
- Pode começar.
- O que você está pensando desta parceria no crime?

Foi ríspido. Direto demais. Não que eu desgoste de objetividade; logo no início te falei que odiava jogos psicológicos. Mas você gosta, e sempre deixou isso bem claro. Por isso me pegou de guarda baixa.

- Até o momento tudo deu certo. Nossas habilidades são complementares. Confio em você e todas as nossas expectativas são cumpridas e controladas. Por que?
- É a sua vez. Essa é sua pergunta?
- Sim. Vou fazer uma dupla: por que você perguntou isso? O que VOCÊ está pensando?

A porta foi se pintando, gradativamente, de preto.

E eu devia ter adivinhado que o golpe viria.

Discordo

De

Tudo

Pra

Mim

O

Que

Começou como um sonho

Tornou-se 

Um

Fardo

Não

Quero

Mais

Manter

Não quero mais te ter.

Como parceir*.

Um comentário:

  1. Anônimo11:48 AM

    um contra um é a própria definição de jogo psicológico.

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