domingo, junho 24, 2007

A Verdadeira História IV


||||| |
Com a descoberta, fiquei nervoso. Não sabia o que fazer. O cheiro das flores não era exatamente real; ou era? Eu estava deliberadamente escolhendo o mundo do meu distúrbio como o Meu Mundo real, e percebia isso. Era uma decisão, era... era justo. Eu precisava ter algo, e aquilo era meu. A garota me abandonou; me abandonou da pior forma possível. Deixou de ser, sem ter sido nunca. Somente no mundo...

||||| |E pensar aquilo me deu uma idéia! Se eu escolher aquele mundo como o meu, o meu mundo real, ela será pra sempre aquele anjo encantador, aquela alma boa que conversa com um bêbado, com olhos - pequenininhos - que podem me hipnotizar, mesmerizar de uma maneira que eu não queira acordar. E era exatamente aquilo que eu precisava e iria fazer. Como? Ora, já tinha um certo tempo que eu não fazia a transição, e não tinha a mínima idéia de como fazê-lo. Teriam sido as pancadas na cabeça?

||||| |Ao vê-l*s saindo do prédio, tive um acesso; não do jeito que queria, apenas parecia uma crise, uma explosão interna. Implosão?

- Ei! Menin*s!
- Hrmnm?
- Pensei cá com meus botões. Que tal sairmos? Amanhã é feriado, e esse fim-de-semana não foi lá essas coisas.
- Eu não posso. É aniversário da mãe do meu marido.
- Hmmm, por isso que eu não caso, Renat*. E você...?
- Você vai ficar bêbado daquele jeito de novo?
- É meu sonho.
- Bora. Mas você me deixa em casa de Taxi.

||||| |Estranho. Tão fria, tão ausente, mas aceita assim. Talvez... Talvez algo tenha acontecido. Mas lá fomos, pro complexo cheio de bares dois quarteirões depois da Soft. Tava passando um jogo de futebol, e procuramos o mais vazio, pra sentarmos. A conversa parecia morta, ela não conversava, não me olhava nos olhos. As respostas, monossilábicas, eram balbuciadas. Mas ela estava encantadora. De jeans, all-star vermelho, e uma blusa branca básica.

||||| |De repente ela decidiu falar. E parecia que éramos casados. Apesar do tom agressivo do discurso, era uma sensação boa. Ninguém discute com tanta paixão um assunto que não seja sério. Eu e ela éramos algo sério.

- ...E assim, do nada, você se levanta, compra um cigarro, paga a conta e vai embora. Eu achava que tava indo tudo legal, pô. E agora, você me chama pra sair de novo?
- Peraí... Eu que te deixei lá, no bar? Eu não lembrava! Como assim, não é p...
- Claro, culpa da bebida. Sempre é. Dimitri, não sei se você é louco, mas não dá pra viver nesse mundinho...

||||| |Quando ela falou do "meu mundinho", finalmente. Acho que o nível de emoção estava realmente alto, pois os clarões vieram com explosões. Raios? Relâmpagos! Linhas azuis, bolas coloridas, neve brilhante - não, não era neve; eram folhas de algodão luminoso -, e meu mundo apareceu, ainda mais colorido que todas as outras vezes. O chão encheu-se de grama, e as flores cresciam em câmera lenta (ou rápida, depende da perspectiva). E eu vi o rosto dela. Umas olheiras absurdamente sexies, abaixo de olhos frios, cinzentos. O cabelo, acima destes, era curto, com mechas meio onduladas, e de uma cor que eu não conhecia. Quando você trabalha com programação de computadores, seu repertório visual fica um pouco desatualizado. Ela ia trabalhar linda daquele jeito? Todo dia?

||||| |Então eu me levantei, puxei-a pelo braço, e ela sorriu. Aquele sorriso que paralisa, que "mesmeriza". E a beijei. Beijei com fogo, com graça, uma torrente de emoções; mesmo de olhos fechados, vi o céu. E era lindo. Molhado, uma saliva quente. Taquipnéia. Respiração ofegante e maravilhosa. O cheiro de sua boca era delicioso. Era canela. Ou cravo-da-índia. Não sei, sei que ela fumava, embora não tivesse acendido ainda um cigarro. O beijo, além de sexualmente excitante, me fez chorar. Chorei enquanto a beijava.

- Vem comigo.


E ela veio.


terça-feira, junho 19, 2007

A Verdadeira História III

Capítulo III
Ler Capítulo IILer Capítulo I


- Você trabalha na Softwild, né?
- Gag... Gash... Sim!
- Você tá passando bem?
- Gag... Gash... Sim! Tab... Csh... Tudo bom?

||||| |Valei-me. O que era aquilo? Eu falava, pré-ouvia tudo na minha cabeça com a mais pura clareza, mas quando as palavras saíam de minha boca, eu parecia estar gaguejando! Seria obra do meu distúrbio? As ondas, as curvas coloridas formando desenhos matemáticos no lugar do céu? As cores, que mesmo de um tecido de algodão preto, pareciam saltar aos meus olhos como luzes hiper-cromáticas? As bocas e narizes e olhos que eu via nas pessoas, e não mais os simples traços formando uma cruz, ou o sinal de "Mais" (um)? Só mais um... O som! Novamente, acrílico, cristálico e bucólico, porém gostoso de uma maneira carálhica? Sua voz? Não.

||||| |Não era isso. Apesar de todas essas transformações acontecendo ao meu redor, era timidez. Nervosismo. * Garot* da minha vida ali, em minha frente, com a mão na cadeira, como se quisesse que eu * convidasse a sentar-se, e eu falando Gags e Gashes. Eu pensava não estar nervos*. E não estava. Exceto quando el* dirigiu-se a mim. Mas o mundo realmente havia mudado. Até o meu distúrbio sofreu uma alteração, aquilo, que era tão concreto, tão estável. Estável? Em sua instabilidade, sim. Nada atingia, pelo menos. E agora havia flores crescendo nos paralelepípedos da rua. Uma grama verde (limão, quase fosforecente) ascendendo da calçada. Os fractais, outrora hiper-coloridos, adquiriam tonalidades de vermelho e rosa, indicando o quê, JC? Amor?

||||| |Então parei de dar atenção a el*, àquele ser angelical e platônico. E vi que era emocional. Meu distúrbio era emocional. Os clarões, os raios, tudo. Mas... qual era o gatilho? Simplesmente parei de pensar, fitei o copo de cerveja, as (8) garrafas ao fundo, e me concentrei. Não sei por quantos minutos (22 segundos) me concentrei, mas algo incrível aconteceu: Continuei vendo as estranhezas ao meu redor. Prova de que eu tava errado. Aliás, tava certo. É emocional, nada a ver com concentração, ou Foccus. Então o que poderia eu fazer? Experiência ZERO em emoções. A emoção pra mim é como aquel* garot* lind*, gostos*, simpátic*, carinhos*, legal e inteligente demais que eu nunca consegui me aproximar. A não ser quando el* se aproximava de mim.

||||| |Já sei. Tenho um exemplar aqui na minha frente! Quando tirei os olhos da cerveja, vi que el*, meu amor, estava indo embora.

- Ei, pô! Volta.
- Hrnmm? Sei lá, achei que...
- Não, não. Relaxa. Eu trabalho sim, na SoftWild, mas não te conheço.
- Ah - disse, virando-se e colocando a mão na cadeira -, eu já te vi algumas...
- Senta aí.
- Possobrigad*. Eu já te vi umas vezes; sabe Renat*? Sou amig* del*.
- Ah, sim, sim! Tudo bom?
- Tudo, mas... você tá bem?

||||| |Mas nada mudava. Passei uma ótima noite, com uma pessoa simpaticíssima, e nada mudou. E sabe o quê? Eu adorei. Terminei nem pensando tanto no problema, e dei mais atenção à forma que os olhos, bochechas e boca del* adquiriam quando eu falava algo engraçado, ou doce. É, também estranhei. Eu, falando algo doce. Há!

||||| |De manhã (meio-dia) acordei. Fora uma noite estranha. Eu estava bêbado. Mas os acessos tinham sumido. Eu não estava mais em crise. A ressaca tava fortíssima, e eu me lembrei: "Renat*!" Renat* fora uma pessoa que se apresentara a mim no trabalho. E eu lembro, tinha alguém com el*. Mas não prestei muita atenção. Tava mais interessado na combinação dos algorítmos que eu teria que reescrever depois do intervalo. Rá, mas existia a internet, claro. Grande ferramenta. Interação e blas blas blas. Terminei por sentar na frente do computador e procurar. Eu não lembrava do nome, mas vai que pela foto?

||||| |Qual não foi minha surpresa quando loguei? Ela estava lá. Achei! Fácil, fácil. É! "Ela" era uma mulher. Uma menina, sei lá. E eu me entusiasmei. Gostei do que vi. Mas não daria pra falar com ela naquela hora. Passei o resto do dia pensando. Tranqüilo em relação à garota, me concentrei mais no distúrbio. Ontem à noite, apesar de bêbado, não estava estranhando tanto as diferenças na imagem. Amei o cheiro das flores enquanto conversava com ela. Amei as cores do céu (até que momento era noite, e quando começou o dia?) e os sons do mundo, do meu mundo, do mundo mágico que me deram. Assim, de presente. Foi bom. A companhia era perfeita... Queria ter compartilhado com ela, o que estava vendo ouvindo e sentindo. Mas não, calma. Segunda eu falo pra ela, no trabalho.

||||| |Não saí à noite. No domingo, quando acordo, acontece algo pela primeira vez: Já acordei vendo os fractais... E dessa vez, os clarões e os raios estavam inseridos no "durante"! Junto com os fractais, e não apenas como "Abertura" e "Encerramento". Dessa vez... Dessa vez era mais forte. Almocei e fui pra um bar. Ela não estava lá. Apenas dois homens sentados numa mesa, sem conversar e outra mesa armada com apenas uma cadeira... a minha. Sentei e pedi uma cerveja. E estava começando a apreciar o distúrbio (embora por mais que eu gostasse, nunca iria chamar de outra coisa; não saberia como). E quando vi um homem sobre um monociclo, com o rosto todo maquiado de palhaço, cores vibrantes, ululantes, essas cores cuspindo fogo no meu rosto, um fogo que apenas aquecia, não queimava, fiquei ainda mais entusiasmado. E acho que sorri. O mais estranho? Os dois homens perceberam que eu sorri.

||||| |Um deles se levantou, enquanto o outro sacou a arma e apontou pra mim por baixo da mesa. Esse é o problema de morar numa cidade como a que eu moro. Violência? Não, não. O calor. O calor faz as pessoas agirem assim. O calor e a má administração social.

- Tá rindo de que, bróder?
- V...você vê meu sorriso? - Pra quê fui constatar isso? Só me fez sorrir mais. E com isso, irritá-lo mais.
- Vai parar, mermão?
- Me diz como! Me diz como você fez pra ver! - Queria que ele me dissesse... E assim eu faria a garota heavenmetal participar de mim. Do meu mundo!

||||| |Só que ele levantou a mão. E justamente aí, os clarões cresceram e ficaram mais freqüentes, os raios começaram a passar mais e mais rápido, e de repente, com um cheiro de queimado, voltei a ver o mundo normal. Justamente pra levar o primeiro murro. O primeiro de muitos. Perdi as contas no quinto. Mais um pouco, e eu me levantei, e bati nele com algo que não sabia que tava em minha mão: o copo. Americano, daqueles de bar. Justamente no ombro, onde se estilhaçou e os pedaços entraram. O amigo, que estava armado, se levantou, mas pra minha surpresa, pediu-me desculpas, puxou o amigo, e entrou no carro.

||||| |Eu poderia ter morrido. O dono do bar me chamou e me aconselhou a prestar queixa, ele testemunharia a meu favor, mas... Não, não. Minha vida vai muito além daquilo, hoje. Eu não morreria ali.

||||| |Fui pra casa. Passei o resto do domingo bêbado, cansado, com dores no rosto (os murros, os murros), e nada do distúrbio aparecer novamente. Pena. O efeito foi contrário, a maldição tornara-se bênção, e será que ao mesmo tempo, escasseava?

||||| |De manhã, segui a rotina. Acordei cedo, tomei um café com um cigarro, enquanto escutava música e surfava um pouco na web. Ao fim, tomei banho e me dirigi ao trabalho. Nada dos clarões, nada de raios. Raios! Ao chegar no trabalho, fiquei atento. Renat* podia aparecer, e sua amiga também. Vi Renat*, mas sozinh*. E como costumo adiar tudo, não perguntei da amiga. "Vou esperar a oportunidade certa, quando aparecerem junt*s", pensei. Não a vi pela manhã, no intervalo do almoço...Nada. Na saída, às 17h, desci correndo. Queria ir a um bar. Passar novamente pela adrenalina de talvez alguém reconhecer meu sorriso. Mesmo que pra isso eu ainda precisasse "entrar" naquele mundo, eu precisava saber como se entra nele. Mas antes mesmo de sair do prédio, Renat*. Renat* e aquela forma difusa, aquele anjo, pequeno, atraente. Era ela. Frio na barriga, nó na garganta, chamam de angústia. E lá estava ela. Quando parei em frente a el*s, Renat* falou comigo, e logo em seguida, ela.

- Oi, garot*. Chegou bem em casa?
- Hehê, cheguei sim. Acordei de meio-dia, mas, a ressaca não tava tão forte.
- Você parecia meio bêbado. - O que era aquilo, aquela distância? Por que tão fria?
- Não, não era bebida... Era... Não sei explicar, era...
- Hmmm, sei... Então! A gente tá indo nessa. Até amanhã! Beijos.
- Até...


||||| |E percebi que ela, como tudo, só era perfeita no meu mundo.

||||| |E é um mundo que eu não mereço.


domingo, junho 17, 2007

A Verdadeira História II

Capítulo II
Ler Capítulo I

||||| |Sábado pela manhã eu trabalho. Mas passei pela enfermaria, na sexta, e apesar de não detectarem nenhum distúrbio, me liberaram: eu nunca tirei licença médica, nem nada do gênero. Pois aproveitei, e assim que larguei do trabalho, fui beber. Não beber, beber, cachaça ou coisa assim, só tomar umas cervejinhas. Isso é beber?

||||| Mas como tudo na minha vida, o bar era bem decadente. Assim, não era down mesmo não, era mediano - medíocre -, mas tava tendendo a descer. Pudera: o bairro todo estava assim. Eu explico:

Há muito tempo aquele bairro era bem conhecido por ter vários bares, casas noturnas, e foi bem frequentado pela juventude. Tá. De repente começou a dar bronca. Ninguém mais ia, e quem ia, era assaltado, ou brigava, coisa do gênero. Houve uma descentralização, e agora as pessoas bebem mais perto de casa, mesmo. Eu também. Problema que eu moro aqui perto.

||||| Chegando no barzinho, encontrei logo um pessoal com quem bebia sempre. Mas com a desculpa de que estava esperando alguém, sentei sozinh*. Tanto faria. Sentaria com eles e ficaria, como sempre, esquecid*. Na mesma mesa. E aí el* chegou. Lind*, chamando minha atenção. Eu nunca vira aquele tipo de pessoa! Era muito perfeit*. Não sabia nem que existia.

||||| Chegou e sentou junto dos meus conhecidos. Eu queria ficar sozinh*, mas putamerda. "É um tempero desse que eu quero", pensei, e logo comecei a encarar. Não, encarar não, só olhar, com cara de pedinte. Não levou muito tempo, e el* percebeu. Talvez fosse o que eu quisesse. Mas porra, eu queria era ficar sozinho!

|||||| De repente el* levantou, e veio em minha direção. Nem fiquei nervos*, engraçado. Acho que tava mais concentrado nos passos, suaves e... meu deus, era meiguíssim*. Meio que sorrindo, assim. E eu lá, tomando cerveja e olhando como quem não olha: não olhando. Foi quando aconteceu. De novo. Os clarões, e os raios, dessa vez ainda piores. Mais claros, mais agudos, mais lentos e mais duradouros. Putamerdadois! As cores ficaram mais nítidas ainda. Os fractais ainda mais variados! Curvas demais, e el* no meio. Meu deus, o rosto! O rosto del* tornava a situação ainda mais atraente. Tornava-* ainda mais perfeit*. E eu me perdi.

|||||| Foi quando el* falou, e eu prestei ainda mais atenção naquele rosto. A boca, o nariz. Os olho, pequenos... Nada de "Cruz". E o som parecia aquilo que Alex descreve como "um pássaro Heaven Metal dando um rasante, direto do paraíso". Era como um soprano. Era infantil. Mas era sexy.

- Oi...

|||||| E o mundo mudou. Mudou no momento em que el* sorriu.

> Continua no próximo
Leia aqui o capítulo III

quinta-feira, junho 14, 2007

Intervalo de Entretenimento

___ Sábado sai o segundo capítulo da Verdadeira História.

Mesmo um dia assim demora pra chegar. Mas quando chega, é uma beleza! Frio, cheio de nuvens, cinza. Sem chuva! E o som? Tudo fica abafado, e com eco... É incrível.

|||||||| Eu queria que durasse pra sempre. Nem o mal-estar incomoda o suficiente pra eu não querer.


Mesmo uma manhã assim demora pra terminar. Mas quando termina, é um jogo de sorte! O nevoeiro se prolonga, o frio continua, a chuva não cai. Assim é bom... Mas tem a alternativa.

||||||||
As nuvens se dissipam ao meio-dia. Sol, mormaço, calor, suor. O som fica espalhado, sem organização. Um caos. Mas um caos ruim.




Hoje é Segunda-feira.
Dia de branco, dia de preto.
|||||||| |||||||| |||||||| ||||||||||| Mas hoje...
|||||||| |||||||| |||||||| |||||||| |||||||| |||||||| Ah,
hoje foi dia de cinza.

segunda-feira, junho 11, 2007

A Verdadeira História I

Começa assim:

||||| Aquele tipo de pessoa, que você olha na rua e pensa "mal-encarad*"; "mal-humorad*"; "metid*"; "conheço de algum lugar."? Pois é. Esse sou eu. Ninguém importante, ninguém a mais, ninguém pra quem você olha e pensa que é aquel*, é o alguém. Mas basta um olhar diferente meu, e você fica tod* entusiasmad*. Minha vida sempre foi rodeada desse tipo de coisa. Mesmo quando eu não me preocupava em ter - É, é verdade, hoje eu me preocupo. Eu me importo. E aconteceu. Meu nome é Dimitri. E essa é a história de como eu me ferrei feio (não, não se preocupe. Não vai ser do comecinho não):

||||| Há alguns anos, minha vida estava aparentemente normal. Eu simplesmente não esperava nada "demais". Queria apenas a oportunidade de me divertir, de adquirir experiência, de passar por situações agradáveis. É! Eu era um adolescente! E conheci essa pessoa, ess* garot*. Foi de repente, não vou contar como foi; apenas que cativou. Fiquei impressionado, e pensei: "Pô, não é nada do outro mundo. El* é gatinh*, sim, mas nada que eu nunca vá conseguir". E aparentemente não era. Aparentemente, eu cativei também. El* conversava comigo, pô. Era bom. Parecia que eu era interessante. Mas não era. Simplesmente, pra el*, não fui. E daí? Passou, pô.

||||| Massa. Depois dum tempo, eu ainda pensando nel*, conheci outr*. Agora ess* outr* era barra pesada mesmo, da melhor qualidade. E pôu: Veio atrás de mim. Digaí, que legal, heim?

||||| Bem. Não vou saber aproveitar nunca. Então, deixo passar. Melhor do que eu esperava. Bola pra frente. Passou, pô.

||||| Foi quando começou. Eu estava saindo do banho, às 6 da manhã. Quando liguei o ventilador do quarto pra me secar e curtir o friozinho, eles começaram. Os raios. Os clarões. E de repente. Bum. Onde eu estava, for christ sake? Onde era aquilo? Era o mesmo lugar! Mas as cores eram mais vivas, mais nítidas. Parecia um desenho animado, mas tipo rotoscopia, que nem aqueles filmes, "Awakening Life" e "A Darker Scanner". Mas não só. Era mais psicodélico ainda. E o que eu pensei naquela hora?

- CARALHO! Vou me foder pra ir trabalhar assim. Ei! Essa parede era branca!

||||| Mas mesmo assim, lá fui eu. Trabalhar. E pensando n* primeir*, naquela letra amaldiçoada. Pensando também n* segund*. Aquele mundo que eu não merecia, por que nunca saberia aproveitar. E por último, mas não menos importante (nem mais, nunca dei tanta atenção a possíveis problemas de saúde), aquela parada que eu tava sentindo, enxergando, sei-lá-o-quê! Tinha linhas, pô. Linhazinhas azuis passando na frente dos meus olhos. E umas curvas coloridas contínuas, que nem fractais. E toda vez que um carro buzinava, ou alguém gritava algo, parecia aquele efeito da introdução de Pigs (Three Different Ones), do Animals, de PF. FUDEROSO!

||||| Cheguei no trabalho, e pela primeira vez (na rua não olhei pra cara de ninguém, tava viajando demais nos fractais), notei os rostos do pessoal. O andar estava repleto deles! Os seus rostos... Eles tinham olhos, pô! Nariz! Boca! O que aconteceu com a cruz? Isso não podia estar certo. Disse a todo mundo que me dava "Oi" que tava meio doente. E eles "rarrá, tell me something new". Vai pra porra! E eles faziam um movimento estranho com a boca. Mostravam os dentes, de maneira diferente... Mas até que dava uma sensação engraçada, tipo... Sei lá.

||||| Quando, pelamordespiritossanto, eu consegui sentar no meu cubículo, aconteceu de novo: Os raios, clarões, etc... Os fractais ficaram ainda mais coloridos, mais chocantes. E de repente, tudo voltara ao normal. E o pior? Acho que quando sentei na frente do monitor antes de voltar ao normal, vi algo no reflexo: Pareciam contornos de rosto também, que nem os outros.


Continua no próximo Capítulo.
Leia aqui o Capítulo II

quinta-feira, junho 07, 2007

O Polêmico.

- Quer morrer, otário?!

Por pouco o carro não o pegou, enquanto atravessava a avenida. Não estava nem aí. Deu uma olhada desinteressada, e continuou com sua pose de rockstar. Na sua cabeça, todos os caras tavam olhando pra ele. Aumentou o volume do mp3 player, acendeu um cigarro e arrumou a bolsa no ombro - tudo ainda atravessando a avenida com uma atitude pra lá de blasé. Logo em frente, encontrou um colega de sala. Que saco. Agora teria que sorrir e falar, e isso corta qualquer charme de "whatever" que poderia continuar.

Com a desculpa de que ia comprar cigarro, parou no fiteiro e deixou o garoto ir na frente. Terminou comprando mesmo, mas no meio do caminho, passou na frente dum grupo de garotos de Administração. O máximo, todos o encararam e comentaram. Um até deu uma risadinha, quando o outro disse "vai lá, joga teu charme".

Depois da aula, toma umas cervejas com umas amigas. Alguns streights tentam dar em cima delas, mas logo percebem que elas preferem a companhia do amigo bicha. E que bicha! Cabelos castanho-claros, na altura do queixo, desarrumados, um hercúleo peitoral, uma barba bem-feita, braços torneados. Que bicha.

Não era lá um Gianechinni¹, mas o próprio charme de não sê-lo preenchia as lacunas. Ele não era, e não queria ser um Gianechinni¹. Mas dizia querer ser, claro.

Ao voltar pra faculdade, encontrou um dos caras que sempre sonhou pegar. Também não era um deus grego, mas tinha seus atributos. Além do mais, o tipo "discreto" sempre lhe chamou a atenção.

Mesmo com essa atitude toda, não passava de um veado tímido, quieto. Nunca conseguiria dar em cima do rapaz, Mário. Sorte que já se conheciam de outra ocasião.

- E aí? Tudo bom?
- Ótimo, pô...E contigo?
- Massa. Vê, tô pensando em ir beber jajá, com as meninas. Tá a fim?
- Pode ser...Eu tô indo resolver umas coisas da matrícula, mas vou pra lá jajá.
- Legal! Eu tava no bar ali da frente com as gurias. Só vou pegar um material no auditório e volto num pulo.

Ótimo! Seria hoje? Uma tarde despreocupada na frente da faculdade? De bermuda e chinelo? Bah! Sempre era assim!

Ao chegar no auditório, teve que passar por um Cérbero. Sério, a garota não o deixava entrar de jeito nenhum.

- Por favor, querida! Ju! É Ju, né?
- Não. Juliana.
- Hmmph... Certo, Ju. Vê, eu só preciso pegar os impressos que tão ali na cadeira. É aqui atrás, mesmo, não vai incomodar ninguém.
- Não. Tem que tá com o crachá do curso.
- Então pega pra mim. Ou me dá o teu crachá? Vai, pô. Eu sou legal! Tu conhece Gil, que trancou o curso? Acho que ele saiu quando você tava no primeiro período.
- Não, não conheci. Mas eu sei que você é bem polêmico.
- Como assim?!

Mas a menina não falou mais nada. A amiga dela trouxe a pasta com os impressos que ele pedira, mas a Ju simplesmente não quis dizer por que "Polêmico".

Ele voltou pro bar e não ficou com Mário. Ficou encucado com a afirmação de Ju. E até que Ju era bem gatinha. Tinha cara de quem beijava bem. Será que...?

¹ Como se escreve o nome desse porra?

segunda-feira, junho 04, 2007

Vamos ver até onde vai

Tem gente que gosta de parecer intrigado, mesmo não estando, por que é uma sensação boa. Não a de estar intrigado. E sim a de parecer. Tanto pra si quanto para os outros. Como nos filmes, como em novelas. É poseur. Até quando não tem ninguém olhando.

Eu não estou posando de intrigado. Eu realmente estou... Mas o último Post foi uma espécie de "Não entra nessa, garot*, esse cara é sujeira. A barra é realmente pesada."
Mas você quis, você quis me provar que eu sou melhor do que acho que sou.

Vamos ver até onde você agüenta?

Gibran, em O Profeta tem coisas a dizer sobre isso:
(cada parágrafo fala algo de mim, então se estiver com preguiça, só precisa ler um ou dois)

Meu Amigo, não sou o que pareço. O que pareço é apenas uma vestimenta cuidadosamente tecida, que me protege de tuas perguntas e te protege da minha negligência.

Meu Amigo, o Eu em mim mora na casa do silêncio, e lá dentro permanecerá para sempre, despercebido, inalcançável.

Não queria que acreditasses no que digo nem confiasses no que faço – pois minhas palavras são teus próprios pensamentos em articulação e meus feitos, tuas próprias esperanças em ação.

Quando dizes: “O vento sopra do leste”, eu digo: “Sim, sopra mesmo do leste”, pois não queria que soubesses que minha mente não mora no vento, mas no
mar.

Não podes compreender meus pensamentos, filhos do mar, nem eu gostaria que compreendesses. Gostaria de estar sozinho no mar.

Quando é dia contigo, meu Amigo, é noite comigo. Contudo, mesmo assim falo do meio-dia que dança sobre os montes e da sombra de púrpura que se insinua através do vale: porque não podes ouvir as canções de minhas trevas nem ver minhas asas batendo contra as estrelas – e eu prefiro que não ouças nem vejas. Gostaria de ficar a sós com a noite.

Quando ascendes a teu Céu, eu desço ao meu Inferno – mesmo então chamas-me através do abismo intransponível, “Meu Amigo, Meu Companheiro, Meu Camarada”, e eu te respondo: “Meu Amigo, Meu Companheiro, Meu Camarada” – porque não gostaria que visses meu Inferno. A chama queimaria teus olhos, e a fumaça encheria tuas narinas. E amo demais meu Inferno para querer que o visites. Prefiro ficar sozinho no Inferno.

Amas a Verdade, e a Beleza, e a Retidão. E eu, por tua causa, digo que é bom e decente amar essas coisas. Mas, no meu coração rio-me de teu amor. Mas não
gostaria que visses meu riso. Gostaria de rir sozinho.

Meu Amigo, tu és bom e cauteloso e sábio. Tu és perfeito – e eu também, falo contigo sábia e cautelosamente. E, entretanto, sou louco. Porém mascaro minha loucura. Prefiro ser louco sozinho:

Meu Amigo, tu não és meu Amigo, mas como te farei compreender? Meu caminho não é o teu caminho. Contudo juntos marchamos, de mãos
dadas.

(Excertos de “O Louco”)

sábado, junho 02, 2007

Não. Você tá errad*. É puro charminho sim.

Recentemente alguem deixou um comentário aqui, na gazeta, no Post da fantasia.

Disse que descobriu que eu não era só um cara que fazia charminho. Pensava que eu era um "ladrão de corações carentes", mas hoje vê o quanto eu sou "melhor" em quase tudo, enquanto el* pensava que era só charminho. Que descobriu que sou um homem menino.

Eu sou um homem menino, mas na mais básica das denotações. Eu sou um homem menino, infantil.

Você tava certa antes. Eu só não era um "ladrão de corações carentes". O coração carente sempre foi e ainda é o meu :b

Mas é puro charminho. Até a inteligência, que tem gente que vem dizer que eu tenho, eu só adquiri pra poder fazer charme. Posar de inteligente.

Éééé, só pose mesmo. Eu não sou inteligente não! Só o que fiz foi descobrir como os Inteligentes agem, e passei a agir igual. Mas é puro charminho sim. Qualquer coisa que você encontrar nesse blog, no fotolog, no orkut, no msn, numa conversa comigo.

É puro charminho.