quarta-feira, outubro 25, 2006

E o amanhecer nunca me encontrará onde o anoitecer me deixou.

"Não fez sentido ter deixado a cama naquele dia;os velhos e maus dias, vieram e
se foram, deixandoo espaço aberto para anos mais frutíferos"


Não, pô. Eu não vou sair daqui. Vou dormir nas ruas dessa cidade por mais uns
dez anos, e ver até quando as ruas vão me aguentar.
Hã? Como assim? Tristeza
e felicidade: não importa qual das duas, contanto que seja intenso.

E ele colocou os fones no ouvido, e pegou o metrô. "Tu dá uma bolinha, véi?", perguntou o vendedor de pipoca. "Rapaz, eu fumo, mas pouco...não curto muito ficar com sono, saca?" O garoto lhe entrega uma pipoca, e diz "na paz, bróder". Sai do trem na quinta estação.

Manhã quente, essa. Vou pra aula não, vou pra rodoviária, comer um big bob e fumar um cigarro. E terminei indo pra cidade. Eu gosto da cidade. Estudei dez anos por aqui. E matei muita aula conhecendo os becos sujos. Rá, me sinto o próprio Holden Caufield. Ou o Ronald Müller. Whatever.

Whatever...muito eu isso. Ih, bicho, a Rua do Hospício. Naaaah, hoje não. Hoje é dia de Beco da Fome. Só nostalgia, rarrá! Vou comprar cigarro, e chego já aí. É, me espera. Sentei, e pedi uma cerveja. Dois copos, né? É. Que massa que tu me chamou! Eu tava solapando pelos cantos do centro, lembrando... Ah, sim, sim. Fala. Como foi? Ahahaha!

(escutando)

Ah, pô, sim...Aí eu indo pra aula, liguei o diskman e pensei em faltar aula...Ah, falou, falou, depois a gente conversa. Relaxa, pô, amigo é pra isso.

(sozinho, no beco da fome)

É foda mesmo...Mas relaxa. Sim, pode trazer outra! É, Vera...vou ficar até tardão. Não, não tem muito o que fazer não...Não, relaxe, tá bom. Toma aqui, adiantado. Hmm? É, sou...Mas não tô lembrando... Ahhh, diz, menina! Tudo bom? Rerrêrrê... Senta aí, pô. Não, não. Ele já foi. Era um amigo meu que... Sério? Que massa. Sim, esse meu amigo... Ah, sei... Poxa, mas relaxa, pô. É, eu sei que não dá. Mas calma, ele vai te ligar. Ele...Como é o nome dele? Sim, sei. Certo, calma. Ele vai ligar, calma.

(escutando)

HAHAHAHA! Que bom que tu tá melhor, pô. Normal. Que nada, pô, podemos nos tornar grandes amigos sim! É! Tá bom, beijão! Prazer, viu? Falou. Vera! Traz outra! Não, pô, que nada... Eles não precisam de auto-ajuda, só de amigo. Qué isso! Hehehe. É, Skol. Que horas...? Caralho, já? Falou, falou. Tchau, Vera!

Puta merda, Pátio de São Pedro? Tá, eu vou. Me encontra lá no Sargento. E aí, meu irmão! Porra, de novo? Relaxa, vocês voltam. Voltam, doido. É Sério! Não, não. Bora. Skol, amigão. Isso. É. Tá bom, vai lá, ela tá só te esperando! Relaxa, eu fico aqui (meu deus, é só o que eu quero, curtir a nostalgia sozinho!) é, po, vai, vai! Aêê! Falou, depois tu me fala na internet.

Conectando ao velox...
Conexão cancelada pelo usuário.

Sem MSN hoje. Vou escrever pro blog, depois conecto, publico, e vou dormir. Pegar metrô amanhã de manhã vai ser FODA!

terça-feira, outubro 10, 2006

Esclarecendo...

Eu ali, querendo te falar "E quem disse que eu não me apaixonei?".
Mas achei que nao cabia.
Pois a conversa ia subir, subir, subir...
E eu ia ter que falar dos meus sentimentos.
Coisa que eu não faço há muito tempo;
nem comigo mesmo.


E a conversa ia subir, subir, subir...
E eu ia ter que falar o que realmente aconteceu.
Coisa que você ainda não tá preparada pra saber;
nem eu mesmo.


E a conversa ia subir, subir, subir...
Mas achei desenecessário, no momento.
Pois você ia ficar com raiva das revelações.
E ficaria chateada.
Coisa que eu não quero que você fique;
nem comigo mesmo.


E a conversa ia subir, subir, subir...
E você ia me compreender direitinho.
Coisa que eu não quero que aconteça;
"...pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós."
e é impossível ficar melhor de como tá agora.

{c

quarta-feira, outubro 04, 2006

Olhos de quem segura o mundo nas costas.

GRANDE ENGANO, sem encanto, misterioso, mas aos prantos; não ouso perguntar o que te acomete, garoto. Não que você não vai gostar, mas o mundo perde a flor quando esta desabrocha. Não, deixa assim, deixa ficar assim, tua coxa me segura mais um pouco, me segura pelos olhos, enquanto o ronronar na tua voz me segura pelas orelhas. É, ronronar, tipo de gato. Mas só aparece quando tu fala, numa rouquidão sexy que deixa tudo com desfoque assim de eco.

Grande encanto, não me engana, eu noto que tás triste. Mas não, não vou perguntar, cara. Deixa tu assim, olhando pro copo e pensando, que tu fica lindo assim. É, lindo, ora, pensando no que quer que estejas pensando. Não me engana, não, melhor tu ficar calado. Ai, grande encanto, por que tu não me fala...? Não, não fala não. Deixa eu ficar olhando de longe pra descobrir. Não, nem descobrir eu quero, tu fica lindo quando eu não te entendo, e o mundo perde a flor quando esta desabrocha.

Grande encanto! Teus olhos, homem! Teus olhos tão vazios, tão esguios, tão másculos; mas vazios. Fica parecendo que tu tem o peso do mundo nas tuas costas, porra. Fica mais sedutor ainda, passa experiência e dor. Provavelmente é uma besteirinha, mas pra você tá sendo o fim do mundo! Meu deus, como isso excita! E conquista! Meu coração, encanto, meu coração. Teus olhos tão fitando o copo, cara, e eu tô aqui falando com minhas amigas - Ei Baixinho, traz mais uma que a dele esquentou - e te olhando, você nem notando que eu tô te olhando. Encanto, eu falo pra elas e olho pra ti.

Grande mistério, eu nunca vou querer te conhecer a fundo, quero ir te conhecendo aos poucos, e nunca chegar ao fim, pois o mundo perde a flor quando esta desabrocha.

- Que porra tu tem, heim?
- Hmm... Reprovei em Legislação e Ética, .
    • Texto escrito em 10/06/2005, e republicado hoje na Gazeta. Qualquer semelhança...é igual pra caralho.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Sílabas Alcoólicas


E daí que eram eleições?
Ninguém tava vendo a contagem de votos,
tava?


Domingo, primeiro de outubro de 2006. Eleições no Brasil. A contagem de votos passando no telão do marco zero, e um molho de gente de vermelho, azul e amarelo. Um saco.

Mas é interessante ver o Recife Antigo cheio, mesmo que tenha esse significado ridículo.
Recife não tem mais aquele furor da juventude. A juventude não é mais recifense, sei lá. Tem emo sentado no salão de festa do prédio dos amigos, tem cult bebendo do lado de casa, tem rotulador escrevendo em blog; tá um saco.

Aproveitemos então um domingo de eleições! Cachaça pra caralho, cerveja no isoporzinho no meio do marco zero, Dj Eras no comitê de um partido; temos muito o que fazer num domingo de eleições... Menos olhar a porcaria do telão.

Vai haver segundo turno, mais uma noite no marco zero. Leve as crianças! Não, as crianças não, tem muita droga lá; leve as irmãs! Pois sinceramente? Ninguém vai olhar o telão, de novo.

Mentira, pô, teve gente olhando, mas era gente lesa. Cachaça e cerveja valia mais. Votar em gente vendida já é um saco, ficar torcendo olhando pro telão é pior. Melhor que isso é beber sílaba e ficar conversando potoca, dizendo que vão ser quatro anos horríveis, et caetera.

Dá-lhe, Regina Duarte. Agora, até eu tenho medo do Lula.